Por Yuri Ferreira
Fonte Hypeness
Os repórteres do jornal dos Estados Unidos analisaram mais de 30 registros fotográficos, além de documentos da guarda costeira da Turquia – com quem o governo grego tem problemas históricos, que se intensificaram nos últimos anos -, estudos promovidos por acadêmicos e organizações que vigiam a situação de imigrantes ao redor do mundo.
Caso se confirme que as autoridades gregas cometeram o ato – em forma reincidente -, trata-se de uma violação aos direitos humanos que complicaria a situação da Grécia na ONU e, em especial, na União Europeia. “Essas deportações são totalmente ilegais em todos os seus aspectos, seja na lei internacional ou nas leis da União Europeia”, afirmou ao Times François Crépeau, ex-observador de questões migratórias e direitos humanos nas Nações Unidas e professor de direito na Universidade McGill.
Uma das refugiadas que foi expulsa pelo governo grego era Najma al-Khatib. A professora de 50 anos foi pega por autoridades gregas junto de outras 22 pessoas nas proximidades da ilha de Rodes, que fica a 18 quilômetros da costa turca.“Eu deixei a Síria por medo dos bombardeios – mas quando isso aconteceu, eu preferi ter morrido numa explosão”, contou ao Times.
Ela relatou que durante a chegada à ilha de Rodes, durante a madrugada, foi apanhada por policiais gregos mascarados, que a jogaram em um bote com um colete salva-vidas completamente à deriva no Mar Egeu.
As autoridades gregas negam que tenham violado qualquer tipo de lei internacional, convenção ou protocolo, incluindo as questões migratórias. Segundo o porta-voz do governo, Stelios Petsas, as autoridades gregas não participam de atividades clandestinas.
Uma mudança de tom da Grécia com a questão migratória se deu nas últimas eleições gerais. O ex-premiê grego, Alex Tsipras, do Syriza, partido de esquerda radical, era pró-imigração e tinha fechado acordos para facilitar os processos migratórios junto de vizinhos como Turquia, Egito e Líbia. Com a mudança do governo para o Nova Democracia, o discurso da Grécia se transformou para uma visão mais conservadora e anti-imigração.
A Turquia abriga milhares de imigrantes que tentaram entrar nos domínios da União Europeia. Entretanto, a tensão crescente entre Tayipp Erdogan, chefe de estado turco, e as autoridades de Bruxelas, podem levar a uma nova crise de refugiados – e os imigrantes correm o risco de serem utilizados como arma política contra a União Europeia.
Outro problema indicado pelos observadores internacionais é que com o acirramento do conflito na Líbia pelo controle do governo pós-Gaddafi e as crescentes tensões políticas que acometem o Líbano após a explosão no porto de Beirute em agosto, o número de imigrantes possa aumentar nos próximos meses.
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